sábado, 13 de junho de 2015

O amor que a gente quer!

Nos contos de fadas, a princesa, geralmente, é uma moça sofrida, ou mal-entendida, que vive em busca de um homem para mudar a sua vida. Bonito, rico, num cavalo branco, o bonitão aparece do nada para salvar a donzela, e ao se cruzarem, trocam um longo beijo na boca. Durante muitos anos, eu também sonhei com um rapaz assim. Não me sentia feliz, solteira, e precisava de alguém que salvasse, que me levasse para um castelo, onde eu seria coroada e teria uma vida de riqueza e amor. Logicamente, que o meu príncipe, de carne e osso, chegaria num meio de transporte mais moderno (um carro, por exemplo), e usaria calça jeans e camiseta, no lugar das botas, boina e capa. E, como num livro, ao chegar neste momento, a página se fecharia e apareceria a palavra "Fim".
Ainda bem que a vida é mais simples do que as obras literárias, e que podemos mudar o nosso destino. Se eu continuasse a esperar o meu príncipe encantado, eu estaria solteira até hoje, pois eles não existem de forma alguma. Por mais bonitos ou ricos que sejam, só nos farão felizes, se gostaremos de nós mesmas. Se o homen que escolhemos para compartilhar nosso cotidiano for frio, desinteressado, grosseiro, não foi uma escolha nossa, mas do destino. Mas, se ele for ao menos gentil, apaixonado e interessante, então, fomos nós que escolhemos. É que no fundo, a ilusão faz parte da mente feminina, por mais que a mulher seja independente e pouco romântica. Não é cultural, é mental, orgânico. Nós, mulheres, gostamos de pessoas solidárias, que fazem promessas e que sejam ousadas. Nos preocupamos primeiro com a paixão, porque é ela que nos move.
Não fomos criadas para lidar com a frieza, o descaso, a violência. Desejamos amor e vamos atrás dele, nem que para isso tenhamos que rodar o mundo. Idealizamos um homem que não existe, para que nossa mente possa trabalhar a nosso favor. Ás vezes nosso parceiro não é o que sonhamos, mas somos tentadas a mudá-lo, para se adequar aos nossos desejos de um par ideal. E, quando não conseguimos de jeito nenhum, é quando percebemos que príncipe não existe. Porém, ainda assim, nos levantamos do tombo, e começamos a procura novamente. É certo que agora, mais maduras pelo sofrimento, aprendemos a entender os códigos do desinteresse ou da grosseria, mas continuamos a permitir que alguns crápulas invadam a nossa vida e passem a exigir um carinho que nem sempre estamos com vontade de dar. É também embaladas pelos sonhos que acreditamos que aquele grosseirão tem um coração mole, e que só de vez em quando ele dá um tapa ou nos agride verbalmente.
Príncipe encantado realmente não existe, mas diz isso prá você mesma, olhando nos seus olhos, em frente ao espelho, que nunca mais vai tentar encontrar um, em barzinhos ou em festas de amigos. Confessa que a partir de hoje vai procurar homens reais, que se preocupam apenas com futebol e com o churrasco de fim de semana! Não, nenhuma mulher pode dizer que fará isso. Por mais consciência que tenhamos, nossos sonhos são arraigados de esperança, de idealização, e precisamos disso para viver. Ampliando o mesmo pensamento, é baseado nestes verbos que nos levantamos animadas quase de madrugada, para uma jornada de trabalho e estudos que consomem o nosso dia e noite. É imaginando que um dia encontraremos a felicidade ao lado de alguém maravilhoso, que o cotidiano fica mais leve, mais fácil de ser "digerido".
Não estou dizendo que as mulheres sonham em serem submissas e dependentes de seus companheiros. Falo de um amor que não existe, que idealizamos, não apenas porque existem os contos de fadas e que suas páginas nos levam por um caminho de ilusão floreado de desejos. Eu me refiro ao amor romântico, que almejamos e que nunca encontraremos. E, à nossa maneira, cientes da inexistência deste homem, acabamos por criar um, e não sossegamos enquanto não nos casamos com ele, como se o casamento fosse a nossa salvação, o Fim da história, dos contos de fadas, a última página, o "The end". Não é importante que o príncipe venha nos salvar da bruxa má. É necessário que ele nos leve ao médico, que se preocupe conosco e que nos busque na faculdade. É preciso que o homem que criamos seja carinhoso pelo menos na hora do sexo, para que ao menos um pouquinho ele seja parecido com o príncipe. A mente feminina é rica por causa de seus desejos, seus anseios, seus sonhos. A verdade, para nós, é uma realidade diferente. Ela vem junto com a ilusão. A mesma que transforma o mocinho em bandido, o príncipe em sapo, um homem idealizado num homem comum. É que a história infantil, encantadora, vive em nossa mente, nossos pensamentos, nosso cotidiano. Somos alimentadas pelo romantismo. Em pequenas doses, ele é o o combustível que alimenta a nossa esperança. Somos mulheres, poderosas, sonhadoras, sensíveis, verdadeiras princesas e fadas, vestidas com nossa velha calça jeans, mas com um scarpin de cristal, tão alto quanto a nossa imaginação, os nossos anseios, os nossos sonhos! Somos nós que fazemos a nossa história, por isso temos a liberdade de criar o príncipe que desejamos, que sonhamos, que imaginamos.
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