O MUNDO FEMININO

A MULHER E A EDUCAÇÃO



BRASIL: Até a década de 1870 as mulheres brasileiras eram proibidas de cursar a universidade. A partir de 1879, o governo abriu as instituições de ensino superior para o sexo feminino. Em 1927 surge a primeira legislação direcionada à educação das mulheres. Mas só nos anos 60 é que elas realmente invadiram as escolas, mas a maioria nas áreas consideradas femininas, como Humanas. O primeiro a dar importância ao estudo para as mulheres foi Fénelon, em seu livro “A Educação das Moças”, onde faz uma crítica profunda ao ensino ministrado nos conventos. A Escola Doméstica de Natal é a única escola feminina do país, fundada há 90 anos. Segue o modelo das escolas suíças usando a cartilha do começo do século 20. Ensina as alunas a serem boas esposas e mães (elas aprendem a cozinhar, trocar fraldas, dobrar calcinhas em forma de flor, arrumar gavetas, etiqueta, bordado, costura). São 1.435 vagas de nível médio em regime de internato, com toque de despertar as 5 e meia da manhã, banho frio e dormitórios coletivos. A cada semana uma dupla de alunas cuida de uma casa de verdade montada dentro da escola. Elas se revezam nos papéis de patroa e empregada para fazer refeições, programar compras e orçamentos, criar cardápios e receber visitas. E quatro bebês de famílias carentes são cuidadas pelas garotas que aprendem puericultura na prática. A mensalidade do internato custa 640 reais e o externato 149 reais (dados de 1993).





A MULHER E O TRABALHO

 


AFEGANISTÃO: Em Cabul, capital do Afeganistão, as mulheres não podem trabalhar fora, estudar, andar de táxi sem um homem do lado. São obrigadas a usar a burka (manto que as cobre dos pés à cabeça), não podem ser consultadas por médicos, dar gargalhadas, usar sapatos altos e maquiagens, e pintar as unhas. Para controlá-las, homens que pertenciam ao Talibã, percorriam a cidade. Se fossem pegas traindo o marido são condenadas a chibatadas ou à a morte, que acontece num estádio de futebol, como uma diversão para a população. O Talibã (que significa mestre) teve sua origem em seminários alcoranistas fundamentalistas no Paquistão e no Sul do Afeganistão, sendo um retorno às antigas regras criadas em 1967. Naquela época acreditava-se que as mulheres eram fonte de tentação, corrupção e guerras. Em 2001 o Talibã retirou-se do Afeganistão, mas muitas mulheres ainda continuam com medo da polícia religiosa e ainda não adotaram normas ocidentais.


ÁFRICA: Em 28 paises africanos as mulheres sofrem a mutilação do critóris na infância para evitar que sintam prazer sexual no futuro. O serviço é feito por curandeiras, que cortam o órgão com gilete, tesoura, lâminas ou pedaços de vidro. As consequências são hemorragias, infecções, dores para urinar e a morte. Estima-se que existam um milhão de meninas e mulheres mutiladas no mundo. Ainda na África, as mulheres com HIV são tratadas como matadoras de homens. Em alguns locais os homens podem ter quantas mulheres quiserem. No Sudão é comum a escravidão de meninas onde o preço varia de 50 a 130 dólares. Muitas são violentadas e se tornam concubinas de seus senhores. A tradição é contestada por diversas Organizações Não Governamentais, como a “Dignidade Já”, com sede em Nova Iorque. A musa da campanha é a modelo Waris Dirie, que nasceu na Somália e teve o clitóris cortado, aos 5 anos de idade. Nos Estados Unidos as mutilações, praticadas por refugiados e imigrantes são consideradas crime federal. Mas segundo as autoridades, as leis são difíceis de serem aplicadas por causa da tradição muçulmana. Nos anos 40 e 50 os americanos também usavam a prática da mutilação. O sacrifício era aplicado contra histeria, masturbação e lesbianismo. 

ARÁBIA SAUDITA: As mulheres são proibidas de dirigir automóvel, sentar-se sozinhas num restaurante ou viajar sem o marido. Seu testemunho vale a metade do de um homem e o marido tem permissão para bater na esposa. A mutilação foi banida pelo governo, mas ainda é praticada. Essa situação de inferioridade da mulher acontece por causa de costumes antigos e da religião, inspirada no Corão. 


ALEMANHA: A Alemanha passou a recrutar mulheres para o Exército, como soldados em janeiro de 2001. Antes elas podiam trabalhar apenas na enfermaria ou tocar música. A medida foi criada baseada num processo movido pela engenheira Tanja Kreil, que entrou na Justiça depois de ter sido rejeitada no Exército em 1996, por ser do sexo feminino. 


AMÉRICA: No Brasil as mulheres ainda são vistas como inferiores aos homens. Sofrem discriminação no trabalho e são vítimas de violência, principalmente dentro de casa. 


BANGLADESH: Criada a partir de uma guerra entre a Índia e o Paquistão, Bangladesh ainda segue normas do Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos. As mulheres ocupam destaque na política, mas ainda são vistas como servas ou mercadorias, tanto que as adúlteras ou as que se recusam a casamentos forçados são punidas severamente. Por 60 centavos de dólar, um marido ou pai insatisfeito pode comprar ácido sulfúrico para marcar o rosto da pecadora, deixá-la cega, surda ou provocar sua morte. As que sobrevivem acabam vivendo de esmolas nas ruas, pois são recusadas pelas próprias famílias. Em 1999 a ONU criou um programa para socorrer as vítimas, que são tratadas em hospitais americanos ou europeus. Os acusados dificilmente são denunciados e a impunidade faz com que novos casos surjam a cada mês. 


BIRMÂNIA (sudoeste da Ásia): Certas mulheres asiáticas e africanas são conhecidas como mulheres-girafa por usarem aros metálicos nas juntas. Joelhos, pulsos, pescoço e tornozelos chegam a alongar até 30 centímetros com os colares, que teriam sido usados há alguns séculos para punir as adúlteras. O problema é que as mulheres-girafa, muitas vezes, ganham dinheiro se exibindo para turistas, ganhando dinheiro em troca de uma foto com elas. O primeiro aro é colocado nas meninas a partir dos 5 anos de idade, numa cerimônia realizada na Lua cheia. À medida que elas crescem, os colares vão sendo trocados por outros maiores. O peso pode ultrapassar 20 kg. As mulheres-girafa são apelidadas assim não apenas pelo tamanho do pescoço, mas pelo andar difícil provocado pelo uso do colar.


BÓSNIA: Na guerra da Bósnia, em 1992, as mulheres foram usadas como objeto de vingança contra o inimigo: cerca de 20.000 mulheres foram estupradas em massa e deram à luz bebês que foram abandonados nos próprios hospitais (na Croácia o aborto não é muito praticado por causa da fé católica). Outras mulheres tiveram infecção por causa da violência sexual. A guerra na Bósnia começou com a ocupação de sérvios nas aldeias povoadas por muçulmanos e croatas. Moradores foram mortos ou levados para campos de concentração de Keraterm, Omarska e Tronplje. 




O TRABALHO DA MULHER NO MUNDO




BRASIL: No Brasil, o trabalho feminino sofre preconceitos, uma vez que a mulher recebe um salário menor em relação ao homem, desempenhando as mesmas funções que ele na empresa. Em alguns casos, o assédio sexual é comum, quando o patrão humilha a funcionária ou a ameaça em troca de favores sexuais. Porém, esse problema está diminuindo quando algumas mulheres passaram a processar os chefes ameaçadores. Em relação à maternidade, ainda há preconceitos, o que quer dizer que muitas empresas não contratam mulheres grávidas, ou as demitem ao saber da gravidez, embora isso seja inconstitucional. O preconceito se dá ainda em relação à idade e à aparência física: empresas costumam contratar mulheres até os 30 anos de idade, dispensando ainda as que não se enquadram num padrão de beleza física. 


JAPÃO: A Constituição japonesa, de 1946, estipula que homens e mulheres na mesma função devem receber salários iguais, além de assegurar à mulher o direito a licença-maternidade. Mas esses privilégios não são respeitados, pois no país a conduta é orientada principalmente por costumes. Só em 1980 entrou em vigor o direito legal da mulher a um terço do patrimônio deixado pelo marido depois da morte. E em 1984 foi abolida a lei que conferia cidadania japonesa apenas para crianças que tivessem pais japoneses. Antes disso os filhos de uma japonesa casada com um estrangeiro não eram considerados cidadãos. Em 1986 foi aprovada a Lei de Igualdade de Oportunidades. Mas as promoções nas empresas se baseiam no tempo de casa e na lealdade ao patrão.


CHINA: Para controlar a população de 1,2 bilhão de habitantes, o governo chinês adotou a política do filho único por casal. E toda mulher em idade fértil ou que já e mãe tem de colocar DIU, ou tem as trompas ligadas. E por não transmitir o nome da família, meninas nascidas na China são abandonadas nos orfanatos ou na rua, onde morrem de fome. Para evitar a matança, em 1994 o governo proibiu o uso de ultra-sonografias para determinar o sexo do feto. O tráfico de mulheres é comum, apesar de ser proibido desde 1949. Por causa do dote muito caro, os homens costumam comprar esposas no câmbio negro por 2 e 4 mil yuans (U$240 a U$1.200). Já as casadas que tentam fugir são amarradas em uma árvore e açoitadas pelos maridos. Muitas acabam se suicidando. Entre 1991 e 1996, a polícia prendeu 143.000 traficantes e libertou 88.000 mulheres e crianças vendidas para contrair casamento ou realizar serviços forçados. Segundo estatísticas oficiais, existem na China 120 homens para cada 100 mulheres. Na área rural, são 130 homens para cada 100 mulheres. 


EGITO: Cerca de metade das mulheres do Cairo, capital do Egito, cobre a cabeça. Por medo da mutawa (polícia religiosa). Muitas passam o dia lendo, dormindo ou vendo vídeo. 


FRANÇA: A França, comparada a vizinhos europeus, é um dos países onde as mulheres menos alcançaram posição de destaque na política. No congresso, as deputadas são apenas 11%. Mas, desde Simone de Beauvoir as feministas estão conseguindo melhorias. Em outubro de 1999 um grupo delas criou a Ciennes de Garde (Cadelas de Guarda), que prevê a retratação do homem que agredir uma mulher com palavras sexistas. Em 1996 elas conseguiram tirar das vitrines das Galerias Lafayette, modelos que faziam as vezes de manequins, vestidas de lingerie. 


ISLÂNDIA: Na Islândia, norte da Europa, as mulheres foram as primeiras européias a conquistar o direito de voto, em 1908. A presidente da República, Vigdis Finnbogattir foi a primeira mulher no mundo a ser eleita por sufrágio universal para esse cargo, em 1980, sendo reeleita 4 anos depois, com 90% dos votos, onde ficou até 1996. É ela quem assina as leis e representa o país em eventos nacionais e internacionais, mas o maior poder do Estado está nas mãos do primeiro-ministro. E o amor livre é regra geral no país, que ostenta a maior porcentagem de mães solteiras da Europa, sendo comum elas terem filhos antes de se casar com total apoio da família e da sociedade, apesar de o aborto ser legalizado. Já a pílula anticoncepcional não é bem vista por causa da religiosidade. Na Islândia a licença-maternidade passou de 3 para 6 meses em 1986. E em 1991 foi criada pelo Ministério de Assuntos Sociais a Secretaria de Oportunidades Iguais, que zela pelo cumprimento das leis de igualdade entre os sexos no emprego, escolas e universidades. 


ÍNDIA:Os costumes na Índia nunca foram favoráveis às mulheres. Ao se casar a indiana passa a ser uma espécie de empregada da família do marido. A lei não permite que elas se casem antes dos 18 anos, mas os casamentos de meninas com homens mais velhos são frequentes. A filha não pode herdar os bens do pai, mas ao se casar recebe um dote (relógio, carro, dinheiro, etc) que será entregue ao marido. Quando se cansa da mulher, ele a mata ou a pressiona para que cometa o suicídio. O crime cometido contra mulheres recém-casadas é conhecido no país como “a morte por dote”. Segundo uma organização feminista de Gujarat, cerca de mil mulheres são queimadas vivas todos os anos no Estado. O dote teve origem na lenda de Sita, esposa do herói Rama, que acompanhou o marido quando ele foi para uma viagem longa e sempre obedeceu suas ordens sem questionar. Antes, o sistema de dotes valia apenas entre as famílias induístas de classe média no norte da Índia, mas atualmente atinge os muçulmanos e cristãos. É costume também que as mulheres grávidas de meninas provoquem o aborto ou as matem depois de nascidas. Elas usam a ultra-sonografia para saber o sexo do feto e tomar as providências. Alguns casais matam a menina assim que nasce: elas são envenenadas com a seiva de um cacto da região, ou a afogam numa banheira cheia de leite. Por causa da matança, no país existem 927 garotas para cada mil meninos até 6 anos de idade, segundo o Censo 2001. A escassez é tanta que muitos pais já estão dispensando os dotes tradicionais para oferecer 'recompensas' às famílias que tiverem meninas dispostas a se casar com seus filhos. Na zona rural o grande desafio é diminuir os abusos sexuais. Na índia, uma mulher violentada não é tratada como vítima, mas como criminosa, prostituta. Segundo as estatísticas, a cada hora no País, uma mulher é estuprada (nos Estados Unidos, este índice é de dez por hora). Na Índia, menos de 5% dos processos contra estupro terminam em condenação, razão pela qual as vítimas não denunciam o acusado. Além disso, a maior parte dos estupros ocorrem dentro de repartições estatais, como delegacias e hospitais. A situação está irritando feministas, que a partir de 2004 passaram a fazer justiça com as próprias mãos, matando ou linchando acusados de violência sexual. 

IRÃ: A partir de 1930 as leis aprovadas no país deram à mulher iraniana um alto grau de igualdade com os homens, como controlar seus próprios bens pessoais. Mas a partir de 1979 elas passaram a ser obrigadas por Aiatolá Khomeini a cobrir o rosto e o corpo e foram proibidas de usar maquiagem. Em abril de 1998 as mulheres conseguiram o direito de participar ou acompanhar em estádios, os jogos de futebol. Atualmente as deputadas tentam derrubar uma lei que prevê o apedrejamento de adúlteras e permite ao homem colecionar até 4 esposas. As iranianas têm direitos de herança limitados, não conseguem a custódia dos filhos depois da separação e precisam de autorização do marido para trabalhar. Depois da tomada do poder pelo grupo ultra-religioso Taleban, as escolas afegãs para meninas foram fechadas. Já a ação do Basejih, a polícia moral, fiscaliza o uso do batom e interpela moças acompanhadas de rapazes. Nos ônibus os homens se sentam à frente e as mulheres na parte traseira. Por outro lado elas podem votar, andam sozinhas na rua, podem aparecer na TV. No Irã, entre 1979 e 1990, cerca de 1.200 mulheres foram apedrejadas até a morte acusadas de adultério. Centenas foram presas, humilhadas e mortas pelos bassijis, um grupo paramilitar fundamentalista. 


JERUSALÉM (capital de Israel) – Muitas mulheres árabes vestem túnicas com bordados e cobrem o rosto com véus. Depois que elas se casam, raspam a cabeça e passam a usar perucas, em obediência às antigas leis religiosas que exigiam simplicidade extrema das mulheres. Nunca os homens e mulheres podem nadar juntos numa piscina publica. No muro das Lamentações, homens e mulheres rezam separadamente. Em Israel o exército regular tem cerca de 70 mil homens e mulheres. O país deu às mulheres o direito de voto antes de qualquer outra nação árabe. 

JAPÃO: No Japão a Constituição de 1946 estipula que homens e mulheres na mesma função devem receber salários iguais, além de assegurar à mulher o direito a licença-maternidade. Mas esses privilégios não são respeitados, pois no país a conduta é orientada principalmente por costumes. Só em 1980 entrou em vigor o direito legal da mulher a um terço do patrimônio deixado pelo marido depois da morte. E em 1984 foi abolida a lei que conferia cidadania japonesa apenas para crianças que tivessem pais japoneses. Antes disso os filhos de uma japonesa casada com um estrangeiro não eram considerados cidadãos. Em 1986 foi aprovada a Lei de Igualdade de Oportunidades. Mas as promoções nas empresas se baseiam no tempo de casa e na lealdade ao patrão. Atualmente as japonesas desempenham papel ativo em organizações sociais e políticas, graças à Constituição, que assegura direitos iguais para as mulheres em todos os campos. A condição feminina começou a avançar a partir de 1975, Ano Internacional da Mulher. Em 1986 foi aprovada a Lei de Igualdade de oportunidades, para beneficiar as trabalhadoras, já que as promoções se baseiam no tempo de casa. Além disso o governo, para incentivar a mão de obra feminina, ampliou a rede de creches no pais, criou a licença maternidade, diminuiu a carga horária de trabalho da mulher sem prejudicar o salário e aboliu a lei que as impedia de fazer horas extras. Por outro lado as gueixas, uma espécie de prostitutas, continuam resistindo às mudanças, sendo treinadas desde a infância em música, dança e na arte da conversação para agradar aos homens. Antes da guerra os filhos sempre ficavam sob a tutela do pai, e a mulher, após o divórcio, era um ser abandonado e desprezado. Como o casamento processava de maneira simples, bastando uma anotação no registro civil, muitos maridos falsificavam a assinatura da esposa e viam-se livres delas. A partir de 1948, quando a igualdade de direito dos sexos foi introduzida no Japão, cresceu o número de mulheres que pedem divórcio, o que antes era inadmissível. Em 1968 o tribunal familiar de Iokoama separou 744 casais, sendo que 70% das mulheres alegaram, como motivo de separação, maus tratos e infidelidade. Ainda hoje as divorciadas são prejudicadas no Japão e dificilmente conseguem emprego. Antes da Segunda Guerra Mundial a maioria das mulheres casadas da classe média urbana não trabalhava, nem participava de atividades fora do lar.


NEPAL: As mulheres do Nepal não têm direito à herança e são obrigadas a se casar com maridos arranjados pelo pai. E todos os anos, cerca de 5.000 garotas são levadas a se prostituir na Índia, iludidas com falsas promessas de casamento e trabalho. Muitas são vendidas pela própria família e acabam escravizadas. As leis do Nepal proíbem o tráfico de garotas e prevêem até 20 anos para quem desobedecer a norma, mas as condenações são muito raras por causas da ameaça de morte e tortura que as meninas sofrem. O país conta apenas com a ONG Maiti Nepal (Família Nepal), que tenta acolher as vitimas na instituição. 


PAQUISTÃO: O pai pode matar a filha ou esposa acusada de ter praticado sexo fora do casamento, sem que seja castigado por isso. Vítimas de estupro vão para a cadeia. Já os estupradores ficam livres. 


RÚSSIA:  No final do século 19 era comum o tráfico de mulheres brancas, da Polônia para a América do Sul. Elas eram enganadas com falsas promessas de bom casamento com comerciantes (na verdade os rapazes eram agentes contratados). Muitas descobriam as “outras” esposas do marido na mesma viagem. Ao chegar ao destino, eram obrigadas a se prostituir pela organização criminosa Zwi Migdal. Algumas conseguiam fugir e outras eram salvas pelos clientes, que se casavam com elas. As primeiras 67 prostitutas chegaram judias de origem polonesa chegaram ao Brasil em 1867, e logo foram apelidadas de Polacas. Em 1885 foi fundada em Londres a Jewish Ladie`s Society for Preventive and Rascue Work (Sociedade das Senhoras Judias para Trabalhos de Prevenção e Resgate), para combater a prostituição e o tráfico e mulheres judias. Sua primeira presidente foi a baronesa Constance Rothschield. As polacas criaram fundos comunitários para dar assistências as judias velhas e doentes e construíram cemitérios e sinagogas para que pudessem rezar. 


SUDÃO:  No Sudão, mulheres acusadas de adultério ou vestidas “inadequadamente” são linchadas e mortas por apedrejamento. Elas são obrigadas a usar o véu típico, capa escura que envolve o corpo dos pés às cabeças. O comportamento delas é observado de perto por seus parentes, colegas, vizinhos e informantes da segurança estatal. As mulheres não têm direitos legais, e portanto não podem testemunhar nos tribunais, a menos que o depoimento seja confirmado por um homem. E desde que os fundamentalistas tomaram o poder em 1989, elas não podem trabalhar. As solteiras não podem ter relação sexual nem beijar.


TURQUIA: Na região de Anatólia há uma tradição secular, que é o Berdel, ou a troca de noivas. Para uma mulher se casar ela precisa receber um dote, que é uma outra mulher, que pode ser a irmã do noivo. Em curdo, berdel que dizer ‘no lugar do outro’. Por muitos anos ele tem servido para unir pessoas que talvez nunca se casariam se não fossem obrigadas. Para a realização dos casamentos, um agente se encarrega de fazer o contato entre as famílias. Desde cedo a vizinhança sabe quem está prometido para quem. As funções básicas do casamento são manter a riqueza dentro da família e aumentar o número de pessoas para trabalhar. De acordo com as leis do Berdel, se uma das jovens se divorcia e é mandada de volta para casa dos pais, o outro casal tem que se separar também. Com isso as vezes um casal feliz se separa por causa do outro. Mas se o homem quiser continuar casado, sua família precisa pagar um dote para a família de sua mulher - é o baslik. Tanto as uniões quanto os divórcios acontecem fora do sistema legal oficial. As vezes a conseqüência disso acaba em sangue. Num dia antes da cerimônia as noivas tomam um banho turco público e passam pelo ritual Kina Gecesi, a pintura das mãos e pés com henna.



A MULHER NA ANTIGUIDADE



Em algumas cidades, antes de Cristo, e alguns séculos depois, a mulher sofria privações. No entanto, em outras, ela tinha total liberdade de viver como quisesse. A liberdade total veio com o Cristianismo, que reconheceu os dois sexos em equivalência perante Deus.


CRETA: Em Creta, ilha do mediterrâneo, a mulher tinha direitos iguais aos do homem. 


ESPARTA: A mulher espartana estava a serviço da pátria. Quando solteira, praticava exercícios que a tornava forte e saudável. Casada, sua missão era dar ao Estado filhos fortes, bons soldados e bons cidadãos. Era independente e dominadora. 


GRÉCIA: Na Grécia Antiga e no Extremo Oriente, apenas as cortesãs tinham certa liberdade, podendo viver intensamente, como os homens. Nas sociedades greco-romanas a mulher era considerada inferior e incapaz juridicamente. Entre os judeus e os indianos, era tida como impura e contaminadora, sendo afastada da vida pública. Nas sociedades bárbaras as mulheres eram mais ligadas nas decisões e paz e guerra e algumas podiam adquirir feudos. Surgiram médicas, professoras e superioras de ordens religiosas. Mas o direito de propriedade provocou um retorno ao direito romano e a situação da mulher foi rebaixada. O Corão passou a ser interpretado pela alta burguesia, de maneira cada vez mais severa com a mulher. Por razões econômicas, os ricos mercadores de todo o Oriente passaram a enclausurar suas mulheres e obrigá-las ao uso do véu, só retirado na frente do marido (o que não estava prescrito pelo profeta). Em Bizâncio a doutrina determinava que a mulher “obedecesse ao homem como o escravo ao senhor”. Já a mulher russa seria encerrada no terem e considerada como objeto e servidora o homem. A obrigação do véu só foi eliminada por Pedro, o Grande, ao voltar do Ocidente. No mundo muçulmano essa obrigação ainda persiste. O Cristianismo reconheceu a igualdade de homens e mulheres diante de Deus. Mas ela não adquiriu independência e sua condição permaneceu a de um ser inferior. A idéia de impureza original ressurgiu depois da morte de Cristo e a mulher não foi mais admitida no sacerdócio. O Corão deu à mulher direitos econômicos (herdar e gerir seus bens, receber dote em caso de repúdio). São Paulo afirmava: “O homem não deve cobrir a cabeça, pois ele é imagem e reflexo de Deus. A mulher deve levar sobre a cabeça um símbolo de sujeição”. A situação da mulher melhorou com Revolução Industrial no século 19, que passou a trabalhar nas fábricas como fiadora, tecelã, costureira. 


MESOPOTÂMIA: Entre os povos da Mesopotâmia a mulher vivia em condição inferior, podendo ser dada como escrava pelo pai ou marido, para pagamento de dívidas. Na Babilônia, em 538 a.C., os homens, para economizar alimentos, estrangulavam suas esposas. 


PRÉ-HISTÓRIA: Na pré-história figura feminina tinha uma enorme importância nas sociedades, por causa da fertilidade. Há milhares de anos não se sabia o mecanismo da concepção e por sua inexplicável habilidade de procriar, mulheres eram consideradas quase deusas. Algumas administravam lugarejos e cidades, além de liderar instituições religiosas. Elas tinham os mesmos direitos dos homens. O papel do macho na procriação se tornou mais importante quando o homem passou a ser sedentário e a entender o mecanismo na procriação. Foi então que se instituiu a monogamia, para que ele tivesse a certeza de que o filho gerado era seu. Com o passar dos anos, a mulher passou a ser vista como propriedade do homem, apenas como a receptora de esperma, da semente masculina, essa sim, geradora. 


ROMA: A mulher romana era respeitada, mas casava cedo, cuidava dos filhos, tecia e raramente saía de casa.



O ABORTO NO MUNDO


A interrupção da gravidez é polêmico em todo o mundo, porém, cada país tem suas próprias leis em relação a quem pratica o aborto. Os métodos são os mais variados, indo desde medicamentos a procedimentos cirúrgicos, realizados em clínicas clandestinas ou hospitais públicos. No Brasil, o aborto é autorizado pela Justiça, em casos de estupro ou doença para a mãe e o feto.


ÁFRICA:Os países africanos ao sul do Saara proíbem o aborto, a menos que a gravidez represente risco de vida para a mulher. Já a Zâmbia autoriza a interrupção da gravidez em casos de riscos para a mãe ou anomalias fetais. 


AMÉRICA LATINA: O aborto é proibido no Haiti, República Dominicana e Panamá. Já Costa Rica, Venezuela, Honduras, Jamaica e Peru autorizam a interrupção da gravidez apenas em risco de vida para a grávida. No México, Brasil, Equador e Uruguai, o aborto é autorizado também em casos de estupro. Em Cuba, desde 1960, o aborto é legal nas 10 primeiras semanas de gravidez. Em El Salvador, a mulher pode interromper a gestação se o feto apresentar má formação. No Uruguai a situação econômica baixa é justificativa para a realização do aborto. 


ÁSIA: O Japão liberou o aborto em 1948, em caso de risco de vida para a mãe, estupro, doenças graves do feto e por razões econômicas (apesar de proibir o uso de pílulas anticoncepcionais). No país a religião xintoísta prega que a vida humana só começa no dia do nascimento. A China, Cingapura e Vietnã o aborto também é aceitável. Já na Indonésia, Taiwan, Filipinas e Mongólia, a interrupção da gravidez é considerada crime.


BRASIL: A Lei brasileira (pelo Código Civil de 1940) libera o aborto em caso de estupro ou risco de vida para a mãe ou a criança. A grávida que decide interromper a gestação ao saber que espera um bebê com anomalia grave, precisa pedir autorização a um juiz, apresentando laudo médico e de um psiquiatra ou psicólogo alegando que a doença do filho pode acarretar problemas psicológicos para a mãe. É preciso também apresentar um pedido de declaração afirmando a decisão da interrupção da gravidez e o Boletim de Ocorrência. As clínicas clandestinas brasileiras lucram cerca de 50 milhões de reais por ano com as cirurgias. Em muitas capitais, chega a ser a terceira fonte ilegal de renda, atrás do trafico de drogas e do jogo do bicho. Algumas chegam a cobrar 550 dólares pela cirurgia. Já as curiosas cobram cerca de 20 reais. No Brasil o aborto também e provocado por remédios abortivos, objetos cortantes e plantas medicinais. Segundo o Ministério da Saúde, o aborto é a quarta causa de morte em mulheres no Brasil, responsável por 10 das mortes. No Brasil algumas ONGs, como o Movimento Pró Vida, combatem a regulamentação do aborto. No Rio de Janeiro o Grupo Anti-aborto foi criado em 1971 pelo monsenhor Ney As Earp. O grupo age nas portas das clínicas para promover a interdição do local e convencer as mulheres a prosseguir com a gravidez. Desde junho de 1993 tramita na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania do Senado, projeto de lei da senadora Eva Blay (PSDB/SP), que propõe a legalização do aborto. No Brasil nove hospitais realizam o aborto legal. 


ESTADOS UNIDOS: Nos Estados Unidos interrupção da gravidez é proibida desde 1973, e as clínicas são alvo constante de grupos contra o aborto. Associações, como a American Coalition of Life Activists, imprimem cartazes com fotos e endereços dos médicos para facilitar a procura dos profissionais que realizam o aborto. Em 1982 foi criado nos Estados Unidos o Grupo de Católicas Pelo Direito de Decidir, presidido pela feminista norte-americana Frances Kissling. A representante no Brasil é Maria José Nunes. Informações no telefone (11) 575.6036, São Paulo. A entidade luta por uma reforma da Igreja em varias questões, inclusive o aborto.


EUROPA: A Inglaterra foi o primeiro país a criar uma legislação liberal para o aborto (em 1997), que pode ser realizado com até 28 semanas de gestação (quase 7 meses). Mas na Irlanda a interrupção da gravidez só pode ser realizada em caso de perigo para a mulher. Em Portugal a partir de fevereiro de 1998 qualquer mulher com ate 10 semanas de gravidez pode solicitar um aborto na rede de hospitais públicos ou clínicas privadas, mas tem que passar antes por um centro de aconselhamento. Na Itália a mulher pode decidir por qualquer motivo, se quer ou não continuar a gravidez. Na França a lei de 1976 permite o aborto até a décima semana de fecundação, através de uma declaração particular que indique a necessidade da interrupção da gravidez. Após a décima semana o aborto é permitido em casos de riscos para o bebê. A cada ano são realizados cerca de 170 mil abortos na França. As ações Antiaborto, ligadas a Igreja Tradicionalista e a extrema-direita francesas, invadem clínicas de aborto e chegam a interromper a cirurgia em andamento. O SOS Mere (SOS Mãe) é uma ONG que dá assistência psicológica às mulheres grávidas através de consultas e apoio por telefone. Já a Lisses-les Vivre tem 30 mil membros espalhados pela França. No país a pílula RU 486 é utilizada para interromper a gravidez. 


ÍNDIA: Testes pré-natais têm sido usados para abortar meninas. Para evitar o abuso, uma lei proibiu os testes que descobrem o sexo dos fetos. 


ORIENTE MÉDIO: Na Tunísia o aborto é legalizado, mas nos outros países, é considerado ilegal.



MENSTRUAÇÃO NO MUNDO






AUSTRÁLIA: Quando uma menina aborígene australiana fica menstruada, ela tem que passar alguns dias longe de casa, numa barraca feita por sua mãe ou avó, num ritual de purificação do corpo porque elas acreditam que a menstruação é sinônimo de ‘alma impura’. Depois disso, a barraca é queimada, as mulheres da cidade levam a menina para um rio e a jogam na água. Ficar menstruada nessa tribo significa que a menina está pronta para casar e ter filhos. 

JAPÃO: Em alguns lugares do Japão os pais chamam a família inteira e os amigos para uma festa surpresa. Tudo fica em segredo até que os pais aparecem carregando um prato de pêra decorado com folhas ou de maçã açucarada. É o sinal de que a filha ficou mocinha. 


SRI LANKA: No momento em que a menina fica menstruada ela corre para a mãe, que por sua vez anota a hora e o dia desse acontecimento. Com isso a astróloga descobre várias coisas sobre a menina, do tipo quantos filhos ela terá. Depois da visita astrológica a família se prepara para a cerimônia: lavam a casa com cal, assam bolos de óleo, cozinham ervas, vestem a menina de branco e começa a festa. Os convidados trazem dinheiro e presentes para ela. 


MESCLAERO APACHES, ESTADOS UNIDOS: Essa tribo indígena não existe mais, mas tinha uma maneira muito original de comemorar esse acontecimento. Uma vez por ano eles faziam uma festa que durava 4 dias onde todos dançavam. Essa era uma maneira de homenagear as meninas da tribo que tiveram sua primeira menstruação naquele ano. 


ZAIRE, ÁFRICA: quando a filha mais velha de um homem da tribo Mbuti tem a sua primeira menstruação ela vai viver por mais de um ano numa espécie de clube da Luluzinha chamado de cabana da menstruação, construída por sua família. Aí uma mulher mais velha da tribo ensina como faz para não ficar grávida. Enquanto isso as outras garotas da aldeia fazem visitas freqüentes para levar óleo de palmeira e carne para ajudar as ‘mocinhas’ a engordar. Quando finalmente a garota sai da cabana gordinha, ela e suas amigas correm para a aldeia cantando e dançando para mostrar para todos que não é mais uma menina. Isso também funciona como um desfile para algum menino pedi-la em casamento. 


LESTE DAS FILIPINAS: A menina da tribo Ulithi, quando fica menstruada, sai correndo para a Casa das Mulheres, uma espécie de tenda própria para isso. No caminho a aldeia se junta ao redor dela, gritando: ‘a garota menstruada, o-o-o!’. Nessa casa a menina toma um banho, troca de saia e descobre quem é seu prometido. Em seguida ela ganha sua própria cabana. 


NAIAR, SUDESTE DA ÍNDIA: Quando a menina fica menstruada sua família escolhe um menino para ficar morando na casa dela. Assim eles se conhecem bem e transam. É uma espécie de ‘prêmio’ por ela ter virado mulher. Depois de alguns dias o menino vai embora e a menina não precisa namorar com ele. Mesmo que os dois não se casem a menina terá que homenageá-lo para sempre. 


OESTE DA ÁFRICA: Quando a menina da tribo Temne menstrua pela primeira vez ela é levada para a floresta onde sofrerá uma operação: a remoção do clitóris. Depois é levada para uma cabana especial, onde fica o resto do ano. Quando acaba seu exílio, a aldeia faz à cerimônia bondo: a menina põe e tira suas roupas 4 vezes andando ao redor da cidade e repetindo frases específicas para essa ocasião.


NOROESTE DO PACÍFICO: Os índios Nootkanos comemoram a primeira menstruação levando a menina para o meio do mar. Ela tem que voltar sozinha, nadando até a praia. Quando chega, a sobrevivente é recebida e aplaudida por toda a vila. Eles acreditam que isso ajuda a fortalecer a sua personalidade. 



NIGÉRIA: Na tribo Tiv, não é permitida a visita de estrangeiros, por isso não se sabe como vivem. Segundo outros povos da Nigéria, as pessoas da tribo comemoram a menstruação da menina com 4 cortes na barriga dela (sem anestesia). Então ela tem que trabalhar duro na roça, casar e ter filhos. 


ISLÂNDIA: Na Islândia, norte da Europa, as mulheres foram as primeiras européias a conquistar o direito de voto, em 1908. A presidente da República, Vigdis Finnbogattir foi a primeira mulher no mundo a ser eleita por sufrágio universal para esse cargo, em 1980, sendo reeleita 4 anos depois, com 90% dos votos, onde ficou até 1996. É ela quem assina as leis e representa o país em eventos nacionais e internacionais, mas o maior poder do Estado está nas mãos do primeiro-ministro. E o amor livre é regra geral no país, que ostenta a maior porcentagem de mães solteiras da Europa, sendo comum elas terem filhos antes de se casar com total apoio da família e da sociedade, apesar de o aborto ser legalizado. Já a pílula anticoncepcional não é bem vista por causa da religiosidade. Na Islândia a licença-maternidade passou de 3 para 6 meses em 1986. E em 1991 foi criada pelo Ministério de Assuntos Sociais a Secretaria de Oportunidades Iguais, que zela pelo cumprimento das leis de igualdade entre os sexos no emprego, escolas e universidades.


ÍNDIA: Na Índia a moça não pode herdar os bens do pai, mas ao se casar recebe um dote (que pode ser relógio, carro, dinheiro, eletrodomésticos, etc) que será entregue ao marido. Quando se cansa da mulher, ele a mata ou a pressiona para que cometa o suicídio. O crime cometido contra mulheres recém-casadas é conhecido na Índia como “a morte por dote”. Segundo uma organização feminista de Gujarat, cerca de mil mulheres são queimadas vivas todos os anos no Estado. O dote teve origem na lenda de Sita, esposa do herói Rama, que acompanhou o marido quando ele foi para uma viagem longa e sempre obedeceu suas ordens sem questionar. Antes, o sistema de dotes valia apenas entre as famílias induístas de classe média no norte da Índia, mas atualmente atinge os muçulmanos e cristãos. É costume também que as mulheres grávidas de meninas provoquem o aborto ou as matem depois de nascidas. A amniocentese, exame que detecta o sexo do feto no útero materno é proibida, mas continua sendo usada no país. 


IRÃ: A partir de 1930 as leis aprovadas no país deram à mulher iraniana um alto grau de igualdade com os homens, como controlar seus próprios bens pessoais. Mas a partir de 1979 elas passaram a ser obrigadas por Aiatolá Khomeini a cobrir o rosto e o corpo e foram proibidas de usar maquiagem. Em abril de 1998 as mulheres conseguiram o direito de participar ou acompanhar em estádios, os jogos de futebol. Atualmente as deputadas tentam derrubar uma legislação que prevê o apedrejamento de adúlteras e permite ao homem colecionar até 4 esposas. As iranianas têm direitos de herança limitados, não conseguem a custódia dos filhos depois da separação e precisam de autorização do marido para trabalhar. Depois da tomada do poder pelo grupo ultra-religioso Taleban, as escolas afegãs para meninas foram fechadas. Já a ação do Basejih, a polícia moral, fiscaliza o uso do batom e interpela moças acompanhadas de rapazes. Nos ônibus os homens se sentam à frente e as mulheres na parte traseira. Por outro lado elas podem votar, andam sozinhas na rua, podem aparecer na TV. No Irã, entre 1979 e 1990, cerca de 1.200 mulheres foram apedrejadas até a morte acusadas de adultério. Centenas foram presas, humilhadas e mortas pelos bassijis, um grupo paramilitar fundamentalista. 


JERUSALÉM (capital de Israel): Muitas mulheres árabes vestem túnicas com bordados e cobrem o rosto com véus. Depois que elas se casam, raspam a cabeça e passam a usar perucas, em obediência às antigas leis religiosas que exigiam simplicidade extrema das mulheres. E nunca os homens e mulheres podem nadar juntos numa piscina publica. E no muro das Lamentações, homens e mulheres rezam separadamente. Em Israel o exército regular tem cerca de 70 mil homens e mulheres, e quase 250 mil reservistas podem ser convocados rapidamente em caso de necessidade. O país deu às mulheres o direito de voto antes de qualquer outra nação árabe. 


JAPÃO: Antes da Segunda Guerra Mundial a maioria das mulheres casadas da classe média urbana não trabalhava, nem participava de atividades fora do lar. Atualmente as japonesas desempenham papel ativo em organizações sociais e políticas, graças à Constituição, que assegura direitos iguais para as mulheres em todos os campos. A condição feminina começou a avançar a partir de 1975, Ano Internacional da Mulher. Em 1986 foi aprovada a Lei de Igualdade de oportunidades, para beneficiar as trabalhadoras, já que as promoções se baseiam no tempo de casa. Além disso o governo, para incentivar a mão de obra feminina, ampliou a rede de creches no pais, criou a licença maternidade, diminuiu a carga horária de trabalho da mulher sem prejudicar o salário e aboliu a lei que as impedia de fazer horas extras. Por outro lado as gueixas, uma espécie de prostitutas, continuam resistindo às mudanças, sendo treinadas desde a infância em música, dança e na arte da conversação para agradar aos homens. 



MESOPOTÂMIA – Entre os povos da Mesopotâmia a mulher vivia em condição inferior. Na Suméria ela podia ser dada como escrava, pelo pai ou marido para pagamento das dívidas. Em 538 a.C, os babilônios, para economizar os alimentos, que já eram poucos, estrangularam suas esposas. 


NEPAL: As mulheres do Nepal não têm direito à herança e são obrigadas a se casar com maridos arranjados pelo pai. E todos os anos, cerca de 5.000 garotas são levadas a se prostituir na Índia, iludidas com falsas promessas de casamento e trabalho. Muitas são vendidas pela própria família e acabam escravizadas. As leis do Nepal proíbem o tráfico de garotas e prevêem até 20 anos para quem desobedecer a norma, mas as condenações são muito raras por causas da ameaça de morte e tortura que as meninas sofrem. O país conta apenas com a ONG Maiti Nepal (Família Nepal), que tenta acolher as vitimas na instituição. 


PAQUISTÃO: O pai pode matar a filha ou esposa acusada de ter praticado sexo fora do casamento, sem que seja castigado por isso. Vítimas de estupro vão para a cadeia. Já os estupradores ficam livres. 
 

RÚSSIA:  No final do século 19 era comum o tráfico de mulheres brancas, da Polônia para a América do Sul. Elas eram enganadas com falsas promessas de bom casamento com comerciantes (na verdade os rapazes eram agentes contratados). Muitas descobriam as “outras” esposas do marido na mesma viagem. Ao chegar no destino eram obrigadas a se prostituir pela organização criminosa Zwi Migdal. Algumas conseguiam fugir e outras eram salvas pelos clientes, que se casavam com elas. As primeiras 67 prostitutas chegaram judias de origem polonesa chegaram ao Brasil em 1867, e logo foram apelidadas de Polacas. Em 1885 foi fundada em Londres a Jewish Ladie`s Society for Preventive and Rascue Work (Sociedade das Senhoras Judias para Trabalhos de Prevenção e Resgate), para combater a prostituição e o tráfico e mulheres judias. Sua primeira presidente foi a baronesa Constance Rothschield. As polacas criaram fundos comunitários para dar assistências as judias velhas e doentes e construíram cemitérios e sinagogas para que pudessem rezar.


SUDÃO: No Sudão mulheres acusadas de adultério ou vestidas “inadequadamente” são linchadas e mortas por apedrejamento. Elas são obrigadas a usar o véu típico, capa escura que envolve o corpo dos pés às cabeças. O comportamento delas é observado de perto por seus parentes, colegas, vizinhos e informantes da segurança estatal. E as solteiras não podem ter relação sexual nem beijar. As mulheres não têm direitos legais, e portanto não podem testemunhar nos tribunais, a menos que o depoimento seja confirmado por um homem. E desde que os fundamentalistas tomaram o poder em 1989, elas não podem trabalhar.



A SEXUALIDADE DA MULHER NO MUNDO



ÁFRICA E ÁSIA: Vinte e oito paises africanos e alguns países asiáticos utilizam a prática milenar de mutilação do critóris em meninas para evitar que no futuro elas sintam prazer sexual. Os pais entregam as filhas para a curandeira, que corta o orgão com tesoura, gilete, lâminas ou pedaços de vidro. Em seguida a menina tem as pernas imobilizadas para que a costura não seja desfeita. As consequências são hemorragias, infecções, dores para urinar e para menstruar ou a morte. Estima-se que existam um milhão de meninas e mulheres mutiladas no mundo. A medida está sendo contestada por diversas Organizações Não Governamentais, como a “Dignidade Já”, com sede em Nova Iorque. A musa da campanha é a modelo Waris Dirie, que nasceu na Somália e teve o clitóris cortado, aos 5 anos de idade. Nos Estados Unidos as mutilações, praticadas por refugiados e imigrantes são consideradas crime federal. Mas segundo as autoridades, as leis são difíceis de serem aplicadas por causa da tradição muçulmana. Nos anos 40 e 50 os americanos tambem usavam a prática da mutilação. O sacrifício era aplicado contra histeria, masturbação e lesbianismo. Na África do Sul as meninas puxam os grandes lábios, para que se tornem compridos quando estiverem adultas. Na tribo Lenge (sudoeste africano), a primeira vez das meninas é com um instrumento feito de chifre. O ritual é sinal de que elas entraram na puberdade. Já no Brasil a tribo indígena Poturu, da floresta Amazônica, pinta o corpo das meninas que já estão prontas para fazer sexo pela primeira vez. 


AMÉRICA LATINA: Na Bolívia os serinos tiram os piolhos antes de se abraçarem. 


EUROPA: Na Itália antiga era costume os pais da moça levarem os noivos ao quarto de núpcias. Do lado de fora os convidados esperavam pelo fim da relação, quando então seria mostrado o lençol sujo de sangue, sinal de que a moça era virgem e foi deflorada naquela noite. E assim que a menina menstruava pela primeira vez, ela ganhava de seu pai um cinto de castidade. Ele ficava com a chave até ela arranjar um pretendente que pagasse o dote pela moça. 


ILHAS DO PACÍFICO:  Os tinquians, que habitam as Ilhas do Pacífico nunca se beijam na boca. Apenas esfregam um nariz no ouro. Na Sibéria os Koriaks acreditam que objetos inanimados equivalem à qualidades humanas. Por isso os homens chegam a se casar com pedras. Nas Ilhas Carolinas, as mulheres colocam insetos na vagina por acharem que isso pode aumentar o prazer. A ferroada da abelha causa sensação agradável à elas. Já os homens de Samoa engatinham até a cabana da mulher desejada para transar sem que ela acorde. 




SEXO NAS TRIBOS


KAIAPÓ: Na tribo Kayapó as mães dão aula sexual às filhas, que explica sua condição de mulher, seus direitos e deveres na sociedade tribal. Na puberdade (11 a 14 anos), a menina aprende a usar o menkrakendiô (anticoncepcional): toma o chá dessa raiz durante uma semana e fica estéril mais de um ano. Quando está habilitada recebe uma pintura corporal e adornos que indicam estar pronta. E vai pasear no bosque para ser desvirginada por qualquer homem. Depois festeja o acontecimento com a família. Passa então à categoria mekraytuk (mulher liberada). Há dois tipos de casamento: no meno-printi (casamento com prometido), o arranjo é feito na infância. O noivo vai morar com os sogros e a menina aprende a tratar o rapaz como esposo. Quando chega a puberdade é realizado o casamento. Durante a festa o casal recolhe-se à choça e acontece o defloramento. No casamento comum rapazes e moças já iniciados forma dois círculos. O pajé manda a moça escolhe um rapaz. Ela indica aquele de sua preferência e ele aceita (az parte da tradição ele aceitar). O pajé e o cacique confirmam o casamento. Se resolver consolidar a união, ela procura engravidar. As mulheres kayapós podem trocar de parceiro, se houver um acordo entre os casais. A troca é anunciada publicamente para dar satisfação à sociedade. Esse comportamento é para mostrar aos maridos que se não forem bem-tratadas podem abandonar a aldeia. Essa troca também serve para a mulher engravidar, caso o marido seja estéril. 


JAVAÉ (Macro-Jê): na aldeia Javaé o homem, ao escurecer, aproxima de uma mata, acomoda-se e assobia imitando uma perdiz. Daí a pouco vem a amante. Os dois fazem amor, ele de pé, recostado à árvore e ela, enlaçando-o com as pernas. 


KARAJÁ: (Macro-Jê) – a mulher não esconde suas aventuras amorosas, e pode dizer ao marido que transou com outro. Neste caso ele pode escolher entre comunicar o fato publicamente ou comunicar aos parentes dos amantes, cabendo a estes darem uma surra nos infiéis. Com a honra lavada as coisas voltam ao normal.



KAYAMURÁ (tupi): os homens Kayamurá do Xingu fazem rituais que reafirmam seu poder machista. As mulheres contra-atacam realizando o yamarikumã. Abandonam os lares, batem nos maridos, apropriam-se dos seus artesanatos, cantam, dançam e lutam o huka-huka com força e vigor. Eles temem a ameaça delas: “Se vocês não ficarem bonzinhos vamos para o mato, viramos guerreiras”!


YWALAPITI (Tupi): ao primeiro fluxo menstrual a menina fica num quarto, sentada junto a uma fogueira. O sangue flui para a terra, promovendo a interação das energias femininas (terra/mulher). Ao entardecer faz a higiene no rio. O pajé dá remédios para fortalecer e provocar a esterilidade temporária. Ela recebe todas as informações sobre sexo. Quando está pronta, o pai deixa escapar a informação de que a filha precisa ser iniciada e à noite os amantes aparecem. Dias depois a comunidade organiza a festa, ela participa como debutante. Daí em diante escolhe seus amantes. 


WÁIWÁI (Karib): As mulheres em determinada época do ano pintam-se de guerreiras e ameaçam os homens, que fogem para o mato. Depois voltam como visitantes, desarmados tocando flautas, bem enfeitados, exibindo-se como danças e lutas esportivas. As mulheres observam-nos e podem escolher seus amantes. 


YANOMAMI: os homens praticam a poligamia com a irmã ou prima da esposa. Ás vezes casam-se após a puberdade )entre 11 e 13 anos) e logo têm filhos. As mulheres capturadas nas guerras são distribuídas como troféus aos mais valentes.