Uma das tarefas mais prazerosas durante a gravidez, é a escolha do nome do filho que está para chegar. Vale de tudo: nomes antigos, modernos, inventados. E os futuros papais fingem que estão abertos a sugestões, mas no fim, são eles próprios que determinam como vai se chamar o rebento. Comigo não foi diferente. Eu não tinha em mente nenhum nome, mas tinha alguns critérios: deveria ser fácil de dizer e de escrever, e que não se parecesse com rótulos de cimento, ou ainda que não fosse carregado com letras pouco usadas na língua portuguesa, como y e w, ou excessos de consoantes: tt, ll, ph, nn (as professoras detestam nomes com grafia e pronúncia complicada.
Confesso que primeiramente pensei em dar o nome do meu marido, Humberto, ao nosso filho, mas, apesar de se sentir homenageado, ele não gostou muito, e diante de uma lista não muito longa, acertamos que seria Eduardo. Eu dei a sugestão, mas jamais mencionei à ele que tive dois namorados com este nome: o primeiro, na infância, e o segundo, aos 14 anos. Apesar de não ter sido apaixonada por nenhum deles, Eduardo ficou em minha memória. Na época, esse nome era tão comum, como como hoje estão Kauã, Johnnatann e Kaíque. E, como não segue modismos, Eduardo se tornou antigo, a ponto de num shopping um senhor perguntar se nomeei meu filho para homenagear meu avô.
Mas, acho que minha decisão pelo nome Eduardo foi tomada antes mesmo de eu pensar em ser mãe, quando li o livro Encontro Marcado, de Fernando Sabino. Um dos personagens da história tinha esse nome e me chamou a atenção pelas suas características, como elegância, educação e simpatia. Aos 15 anos, tais predicados representavam a personalidade de um príncipe, que para uma mente tão sonhadora, já era um passo para encontrar a felicidade nos braços de alguém tão merecedor. Não encontrei mais Eduardos em minha vida, como imaginei quando menina. Nem tive sorte com príncipes, o que me faz compreender, com relutância, que os personagens maravilhosos só existem mesmo nos filmes e nos livros.
E os nomes não simples nomes. Eles carregam consigo a personalidade de quem nomeiam e por isso a sua importância. Quando eu nasci, meus pais também tiveram que enfrentar críticas pelo nome que escolheram para mim. Há muitos anos, Carla era o feminino pouco provável de Carlos e causou estranheza na família. Tios e avós tentaram convencer meus pais a mudarem meu nome, mas eles não aceitaram. E, sem perceber, essa incompreensão, me prejudicou. Inconsciente, eu custei a me entender como uma menina, preferindo brincar com os meninos, a me comportar e a vestir como eles, durante a minha infância e adolescência.
Minha porção mulher só apareceu aos 18 anos, quando num curso de modelo, ensinaram às participantes, preceitos básicos de beleza, como maquiagem, depilação, e vestimenta feminina. Era um lado da vida que eu pouco conhecia. Até então, eu passava os dias na rua, brincando de futebol, de shorts e tênis. Depois de ser apresentada à vaidade, passei a me sentir sedutora. E essa descoberta da feminilidade foi tão importante, que aliada ao meu nome, me deram uma noção de mulher fatal. A boca, antes sem cor, passou a ser colorida com batons fortes, intensos, e as roupas ficaram curtas, colantes, provocantes. E como era bom surpreender! Principalmente a mim mesma.
Há alguns meses, ao passar pelo bairro onde morei por muitos anos, encontrei com um ex-vizinho, que correu para me dar um abraço e agradecer a homenagem que fiz a ele, dando seu nome ao meu filho. Ele estava acompanhado da esposa, e fiquei impressionada de onde ele tirou aquela ideia, morrendo de medo de que eu fosse mal interpretada. Mas, diante de tanta alegria, não tive coragem de desmenti-lo, e assim ficou. Eduardo então, para ele, fora uma homenagem particular. Só depois vim a saber que minha irmã inventara esta história. No final, todos saímos ganhando, pois um nome é, querendo ou não, uma homenagem a alguém especial em nossas vidas. Tendo ou não tanta importância. Agora, se tiver outro filho, já fico pensando no nome que darei a ele. Quem sabe desta vez não coloque Humberto, como o do meu marido? Aliás, quer alguém mais especial na minha história do que ele?
Humberto e Eduardo, marido e filho |
E os nomes não simples nomes. Eles carregam consigo a personalidade de quem nomeiam e por isso a sua importância. Quando eu nasci, meus pais também tiveram que enfrentar críticas pelo nome que escolheram para mim. Há muitos anos, Carla era o feminino pouco provável de Carlos e causou estranheza na família. Tios e avós tentaram convencer meus pais a mudarem meu nome, mas eles não aceitaram. E, sem perceber, essa incompreensão, me prejudicou. Inconsciente, eu custei a me entender como uma menina, preferindo brincar com os meninos, a me comportar e a vestir como eles, durante a minha infância e adolescência.
Minha porção mulher só apareceu aos 18 anos, quando num curso de modelo, ensinaram às participantes, preceitos básicos de beleza, como maquiagem, depilação, e vestimenta feminina. Era um lado da vida que eu pouco conhecia. Até então, eu passava os dias na rua, brincando de futebol, de shorts e tênis. Depois de ser apresentada à vaidade, passei a me sentir sedutora. E essa descoberta da feminilidade foi tão importante, que aliada ao meu nome, me deram uma noção de mulher fatal. A boca, antes sem cor, passou a ser colorida com batons fortes, intensos, e as roupas ficaram curtas, colantes, provocantes. E como era bom surpreender! Principalmente a mim mesma.
Há alguns meses, ao passar pelo bairro onde morei por muitos anos, encontrei com um ex-vizinho, que correu para me dar um abraço e agradecer a homenagem que fiz a ele, dando seu nome ao meu filho. Ele estava acompanhado da esposa, e fiquei impressionada de onde ele tirou aquela ideia, morrendo de medo de que eu fosse mal interpretada. Mas, diante de tanta alegria, não tive coragem de desmenti-lo, e assim ficou. Eduardo então, para ele, fora uma homenagem particular. Só depois vim a saber que minha irmã inventara esta história. No final, todos saímos ganhando, pois um nome é, querendo ou não, uma homenagem a alguém especial em nossas vidas. Tendo ou não tanta importância. Agora, se tiver outro filho, já fico pensando no nome que darei a ele. Quem sabe desta vez não coloque Humberto, como o do meu marido? Aliás, quer alguém mais especial na minha história do que ele?
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