sábado, 30 de julho de 2011

Milagre ou sorte?

Em julho de 1989 eu e minha amiga, Gláucia, decidimos ir ao show do cantor Raul Seixas e Marcelo Novas, no Ginástico, em Belo Horizonte, sem jamais imaginar que aquela seria uma de suas últimas apresentações. Por causa da violência e confusão na porta, desistimos de entrar e vendemos os ingressos por menor valor. Ficamos no meio da multidão, ouvindo o show do lado de fora, até que apareceu um dos organizadores do evento e nos convidou para entrarmos, de graça. Acabamos assistindo ao espetáculo na quadra, ao lado do Raulzito.
Nunca mais vímos aquele rapaz e fomos embora do show impressionadas com nossa sorte. No mês seguinte, o cantor morreu! Eu havia me tornado fã de Raulzito há pouco tempo e acredito que outros fanáticos mereciam estar em meu lugar. Mas, naquele momento, por um motivo que desconhecemos, eu a Gláucia, fomos as escolhidas por Deus.
Ainda hoje adoro Raul Seixas. Quando criança, suas músicas me apavoravam por causa do conteúdo dramático e depressivo. Já adulta, as mesmas letras me faziam refletir profundamente sobre a vida. Hoje, ouvir Raulzito já não mexe tanto comigo. Talvez eu não tenha mais tempo para interpretações profundas, filosóficas. No entanto, o que nos aconteceu foi mágico. Percebi que pequenos milagres acontecem a qualquer momento, principalmente, quando não se pensa neles. Quantas vezes desejamos tanto uma coisa, rezamos para que aconteça, e nada se realiza? Por outro lado, ao menor desejo, as coisas se concretizam. Se Raul Seixas soubesse do que nos aconteceu naquela noite, com certeza, teria questionado numa música, esse pequeno acontecimento. Afinal, nunca um compositor questionou tanto Deus como ele.

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