segunda-feira, 13 de maio de 2013

Português: zero!!!

Meus sobrinhos adolescentes dizem que não entendo a linguagem do computador, que escrevo tudo certinho, quando eu deveria abreviar as palavras e não utilizar acentos ou cedilha, mas não consigo. Fui muito cobrada nas aulas de Português, e como adoro ler, não cabe em meu cérebro, palavras erradas, embora eu não seja um primor com esta língua cheia de regras. Mas, tudo bem. São jovens, com outra linguagem, num tempo em que a leitura e a escrita se tornaram reféns do tempo. As bobagens que escrevemos no Facebook e em outros sites de relacionamento, não permitem o uso de palavras corretas. Mas, e em outros veículos de comunicação?
Há algum tempo, venho percebendo que alguns apresentadores de televisão e locutores de rádio passaram a falar errado intencionalmente, descartando o plural e utilizando palavras grosseiras, talvez numa tentativa de tornar a notícia mais próxima do telespectador, ou, pior, para tornar as tragédias muito engraçadas. São exemplos típicos, as frases: "As muié tá ficano doida, rapaz!!", ou: "Os cara agora vai pá pensão do tio Nelsin...". Que divertido!!!
A língua portuguesa possui muitos acentos e as letras podem ser usadas de forma diferente dependendo da palavra. O X, por exemplo, pode ter o som do Z, do S, do CH ou do SC, CS, como em exato (som de z), xícara (ch), externo (s), desconexo (cs), exceto (sc). O S também pode ter som de z ou de ss, já o M é utilizado antes da letra P e B, e assim por diante. Sem contar as palavras que nunca usamos, mas que engordam o dicionário. E, como toda língua viva, surgem constantemente novas palavras, derivadas do estrangeiro ou de linguagens técnicas, como a do cumputador (deletar, tuitar, antenar). A mudança ortográfica aprovada há quatro anos, a meu ver, pouco mudou para o brasileiro, que continua escrevendo e falando errado.
Uma das grandes dificuldades do professor, ao alfabetizar seus alunos, é explicar sobre a diferença entre o som e a escrita das palavras. Além desta dificuldade de compreensão das regras, há ainda outra exigência na aula de Português. É a gramática, complicada demais para muitas pessoas. Análise sintática, verbos em vários tempos e sujeitos que não se usam mais, ainda fazem parte do currículo das escolas, sem entendermos o porquê. E, nada se aprende sem se compreender o objetivo. Mas, se para o governo, ser alfabeto é escrever o próprio nome, o resto pouco importa. Aos meus alunos ensino o básico e exijo muita leitura e pesquisa. E eles terminam o ano cheios de amor pelas histórias, conseguem elaborar textos que me enchem de orgulho.
Dividir as frases e dar nomes a cada parte é uma tarefa difícil. Cobrada em concursos públicos ou no vestibular, só servem para seleção de candidatos. Se o Português é difícil, se os jovens leem pouco, e se a escrita correta é desvalorizada nos meios de comunicação, alguma coisa está muito errada. Há uma desconexão entre o governo, os apresentadores, os professores e o cidadão comum. Até agora, sinceramente, qual foi o ganho de tantas regras no Português? Tudo bem que não dá para mudar a língua de uma hora para outra, mas em 500 anos, pouca coisa tem sido feita. Quando acontecem convenções para alteração de um acento, por exemplo, levam-se anos para sua aceitação. Já que é assim, que tal oferecermos mais opções, mas que sejam para descomplicar, não o contrário.

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