segunda-feira, 13 de abril de 2015

Nada segura uma traição!!!

Há algumas semanas um leitor do blog me pediu para falar sobre cintos de castidade, e me enviou fotos de pênis aprisionados por uma espécie de capa plástica com fechadura, cuja chave fica com o parceiro ou a parceira. Primeiramente, a minha reação foi de pavor ao ver aqueles genitais presos como pássaros na gaiola. Adepta de todo tipo de liberdade, não compreendo que tipo de relação amorosa, ou sexual, obrigue a fidelidade de forma mecânica. Mesmo sendo ciumenta e muito apaixonada, eu jamais exigiria do meu marido que ele ande com o pênis protegido. Principalmente porque há várias formas de sexo e nem todas elas incluem a penetração. Além disso, a atração e o desejo são ações estimuladas pelo cérebro (embora, usando um discurso machista, os homens pensem mais com a cabeça de baixo do que com a de cima).
Meu marido viaja muito e sei que ele pode encontrar uma mulher atraente que o tire de mim, de sopetão. E este é um dos motivos pelos quais brigamos sempre. A desconfiança é uma nuvem de tempestade quando não se tem a pessoa que amamos por perto. E eu não tenho confiança alguma! Mas, ainda assim, me recusaria a impedir que meu marido usasse o tal cinto. As pessoas devem ser livres até mesmo para trair. Não que isso seja correto, mas ninguém é obrigado a ficar com ninguém.
Se os cintos de castidade foram criados, pelos homens, para coibir a traição das mulheres, nada garante que enquanto eles estavam em guerra, elas não se apaixonavam por outros, beijassem, trocassem carícias e palavras românticas. E, convenhamos, muitas vezes esses toques são bem melhores do que a relação sexual.
Mas, o fato é que, na modernidade, os cintos de castidade passaram a ser usados por pessoas que aceitam a submissão de forma consciente, desejada, como um pacto de amor pelo parceiro ou parceira. Atender aos desejos da pessoa amada é a ideia primordial dos adeptos desta modalidade. Mas, o sexo não tem limites, assim como o amor. Por eles, se mata e se morre.

Cinto de castidade moderno
Ao ver as fotos daqueles pênis e vaginas encarcerados, me coloco no lugar daquelas pessoas e tento imaginar alguém sendo dono do meu corpo, controlando-o com uma chave. Isso me faz pensar num machismo às avessas, embora a diferença esteja na aceitação. E, todo tipo de submissão me desperta sentimentos não muito nobres. Por outro lado, se há prazer em ser submetido, há também prazer em mandar, obrigar, dar ordens. Porém, mesmo com carinho, eu não conseguiria sentir prazer com mandonismos. No entanto, cada relação amorosa ou sexual tem seus segredos, que devem ser respeitados e não julgados.
Somos responsáveis pelo que fazemos e sabemos os riscos de uma traição. Mas, controlar quem se ama com cadeado não me parece muito eficaz. Afinal, quando se trai, nem sempre é por um desejo sexual, mas por uma vontade do coração. Pode significar que o velho amor anda fraco e o corpo pede mais emoção. Neste caso, nem cinto de castidade, nem tronco, nem masmorra. Nada impede um grande amor, que segundo um poeta, ele não é carnal, é transcendental.

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