domingo, 5 de agosto de 2012

Sonhos e realidade!!!

Dizem que os sonhos têm a ver com o que passamos durante o dia, que essa seria uma maneira de o cérebro resolver questões, que no ato de algum acontecimento, não conseguisse. E pensei nisso quando, na madrugada passada, acordei com medo de ser presa por falsidade ideológica, ao fingir que era médica numa clínica particular. Procurei, então, algo que eu não estivesse dando conta de resolver durante o dia e não encontrei. Talvez o cansaço do serviço (trabalhei neste sábado), me fizesse questionar meu emprego, que realmente me estressa muito. Dou aula em duas escolas, com 25 crianças em cada uma, e enfrento um trânsito pesado todos os dias. E porque meu sonho escolheu a Medicina, e não o Jornalismo, que é minha graduação?
Sempre me encantei pelo corpo humano, mas jamais seria médica. Sou nervosa e desmaio quando vejo sangue ou algum procedimento cirúrgico, mesmo que seja pela televisão. No entanto, voltando ao passado, relembro do tempo em que passava na biblioteca pública em volta com livros de anatomia, me deliciando pelas descobertas de uma máquina perfeita. Hoje, muitos anos depois, já não considero o corpo humano desta forma. Percebo um equipamento frágil, cheio de falhas, que se quebra a qualquer momento.
E, muita coisa mudou, desde que o homem passou a descobrir os mistérios do corpo. Na verdade, acho que o desencanto pela Medicina, vem junto com o interesse econômico. Há muito se fala em médicos incompetentes, que fazem procedimentos desnecessários, para ganhar mais dinheiro. Não desejo que um profissional da saúde trabalhe apenas por amor. Assim como nós, professores, eles precisam viver, pagar suas contas, e receber um bom salário. Mas, deixar de salvar vidas, ver pessoas sofrendo sem fazer nada porque se está em greve, é muito cruel. Me chamou a atenção de um chefe de um hospital no ano passado, que se indignou ao saber de um jovem que perdera o braço porque seus colegas não o atenderam: eles estavam em protesto contra o baixo salário.
Os professores também fazem greve, mas pagam, durante as férias, o tempo parado. O médico não faz isso. Ele para de trabalhar, protesta, e aguarda as propostas salariais na porta do hospital. Mesmo que quisesse pagar à população, não daria tempo. Um membro que se perde nem sempre dá para ser  reconstituido. Uma vida que se perde, jamais volta. Talvez meu cérebro questione minha profissão a todo momento. E faz um paralelo que não dou conta de resolver. Só sei que a Medicina, assim como o Magistério, está falida. Não há valorização, apenas muito trabalho. Há muito estudo, e pouca prática, pouco interesse. Da população, do governo, dos profissionais. Mas, acho que a profissão que se escolhe tem a ver com nossos sonhos. E assim, deixar de ser um bom profissional, é deixar de viver.

2 comentários:

  1. Interessante, Carla é que vc mesma conseguiu decifrar o sonho e pude ver isso pelas palavras do texto. (Talvez sem perceber). Vc nos conta como é difícil ser professora hoje em dia e todo o esforço que vem fazendo para realizar seu sonho de ser uma boa profissional. Entretanto, as dificuldades são tantas que vc se questiona sobre esse sonho. Será mesmo possível realizá-lo? Como é possível viver plenamente diante de tantas dificuldades gerados pelo trabalho? Essa pergunta eu mesma me faço todos os dias. Ainda não tive a resposta mas achei um caminho: olhar além das paredes da escola, buscar realizações dentro da área da educação fora dos espaços escolares, projetar minhas expectativas para onde as oportunidades são ilimitadas. Foi então que resolvi participar com trabalhos na Ciranda da Educação deste ano e achei emocionante! Agora vou a procura de novas oportunidades. Adorei seu texto e não pude deixar de comentá-lo. Grande abraço, Cristina

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  2. oi, cristina, que bom que você viu coisas que nem mesmo percebi. nós sabemos o quão difícil está trabalharmos na área da educação. tenhomomentos de depressão e vontade de sair da sala de aula, tanmanha raiva e desgosto. por enquanto, não há como eu fazer issoo, mas buscarei outra profissão, além do magistério e do jornalismo, que também é tão difícil por outras razões. estou com saudades de nossas conversas e risadas. grande beijo, obrigada por ler o blog. com carinho, carla vilaça.

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