sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Onde se chega com tudo isso?

Detesto acordar cedo, mas o faço desde criança, quando comecei a estudar. Levantar da cama antes do sol nascer para estar na escola ou no trabalho, no horário certo, acaba sendo uma tortura. E, sinceramente, não acredito que isso seja saudável. Se os resultados fossem animadores, ainda compensava. Mas, não é o que percebo. Nas salas de aula, os alunos dormem na carteira e mal prestam atenção na professora. No serviço, o corpo parece um móvel pesado, que devemos empurrar até o final do dia. O corpo precisa de, no mínimo, oito horas de sono, para que recomponha as energias gastas e dê um descanso para o cérebro. E, no ritmo em que levamos a vida, o repouso acaba ficando em segundo plano.
Saio às seis da manhã e só volto as seis e meia da tarde, após passar o dia todo longe do meu filho e do meu marido. Por causa desta distância de casa, os vínculos familiares vão tornando-se menos vigorosos, e as relações mais frias. Sequer tenho tempo de fazer outro filho. Tudo o que desejo é dormir mais cedo, para garantir meu descanso do dia seguinte. Como depressa, namoro sem vontade, dirijo rápido, fico estressada por pouca coisa. Isso não é vida!
Eu gostaria de ter mais tempo para mim. Tenho dois empregos por necessidade, mas adoraria trabalhar apenas a metade do dia e ganhar o mesmo salário. Acho que ficamos muito tempo na empresa, muitas vezes, apenas cumprindo o horário, sob pena de demissão. Meu Deus, cadê a teoria de *Karl Marx sobre a Mais Valia? Ela não será colocada em prática nunca? Se já doei meu tempo ao patrão, quero a outra parte. Afinal, é minha vida que está em jogo. Quero dinheiro para viver, pagar minhas despesas, gastar com o que quiser. Não quero acumular tostão. E viver, para mim, é cuidar da minha casa, de mim, de quem eu gosto. E sem tempo, fica impossível. É arrastar os dias, sem prazer. Ressuscitem o filósofo, por favor.

Karl Marx foi um pensador político, autor do livro "O Capital" e criador da expressão "Mais Valia", que é a diferença entre o que o empregado produz e o que ele recebe em forma de salário.

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