No dia da operação eu aguentei firme até o momento de levarem meu bebê. Então, chorei copiosamente, com medo de que nunca mais o visse. Edu nasceu antes da hora, era muito frágil, pesava pouco mais de dois quilos e precisava muito de mim. Acostumado a se alimentar a todo momento, não o amamentei por precaução médica, e ele foi para a mesa de cirurgia com fome. E esse era meu maior remorso. Durante a cirurgia, eu tentava me distrair e rezava o tempo todo. Havia a possibilidade do meu filho ficar na UTI e isso me apavorava. Eu não entendia porque teria que passar por aquilo.
Por força de Deus, o Eduardo saiu da cirurgia, ficou em observação por algumas horas e fomos liberados no mesmo dia. Tão pequenininho, recém-nascido, tomando soro, eu chorava de emoção e de culpa. Sentimento, aliás, que acompanha não só a mim, mas a todas as mães, pelo resto da vida. Antes do Eduardo nascer, minha casa era arrumada, eu tinha tempo para várias coisas. Hoje, minha vida é só para ele. E minha felicidade consiste em fazê-lo feliz. Sinto culpa por não ficar com o Edu por causa do trabalho, por às vezes xingá-lo, e até por não levá-lo para passear por causa do cansaço. Mas, como dizia Raul Seixas na música Paranóia: "Sinto uma culpa que eu não sei do quê. Pergunto o que é que eu fiz? O coração não diz". E nunca dirá.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Envie comentários, dúvidas, reclamações ou sugestões para carlahumberto@yahoo.com.br