segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Beleza, olhar muito pessoal!

Quando eu era criança, muito magra e sem graça, sonhava com o dia em que eu chamaria a atenção por onde andasse. Em meus pensamentos, os homens ficariam encantados com o meu charme, meu modo de falar e o corpo esbelto. Meu modelo de beleza eram as atrizes de cinema e eu as imitava em tudo. Serviam de modelo também, as garotas mais velhas da escola ou da família. A falta de personalidade, nesta época da vida, faz com que o resultado de tanta mistura, se torne uma aberração. O corpo franzino, lotado de ossos, dá uma leveza terrível, em que nada acentua uma elegância imaginada. O sorriso fácil, de dentes muito brancos, serve para tudo, até mesmo nos momentos de tensão, dada a timidez exagerada.
Meu corpo começou a mudar a partir dos doze anos de idade, e só me dei conta disso quando as roupas de criança já não me serviam e passei a usar as da minha irmã mais velha. Os rapazes também passaram a mexer comigo e passei a ser disputada por alguns colegas na escola, o que me proporcionava realizar minhas fantasias de chamar a atenção. Num desses exageros, fiz questão, certa vez, de atravessar um campo de futebol num clube da escola, apenas de biquíni branco. Os assobios dos garotos, sobretudo dos mais velhos, me causava uma sensação deliciosa. Minhas colegas, vieram atrás, com vergonha, mas eu empinei o nariz, fiz charme com o olhar, sorri e fui embora.
Mas, isso não me garantia nada. Tanto que muitas amigas já namoravam, beijavam, andavam de mãos dadas, e eu estava sempre sozinha, me perguntando o que havia de errado comigo. Um dos momentos mais marcantes da minha vida, foi quando, numa festa, um rapaz me chamou para dançar. Foi a primeira vez que eu recebia um convite de um homem. Mas, recusei, claro, alegando sono e passei o resto da noite arrependida de não ter aceito. No entanto, isso mudou a minha vida. Passei a me vestir melhor e a escolher roupas que valorizassem minha cintura fina e o quadril largo. As escolhidas eram calças coladas ao corpo, decotes, minissaias e miniblusas, sem contar o corpo sempre malhado e moreno.
Os anos se passaram e meu foco mudou. A beleza física passou a ficar em segundo plano e meu sonho era encontrar um grande amor, que poderia me amar mesmo depois de muitos filhos e gordura acumulada. Com 19 anos, no final de uma festa, sentada em cima de uma mesa de sinuca, num clube de Divinópolis, eu pensava justamente nisso. Depois de tanto dançar, eu estava cansada e restavam pouca coisa da minha "armadura": o vestido preto decotado já estava amassado e na boca, apenas um pouco de batom vermelho. De longe, percebi um garoto de uns doze anos, me olhando fixamente. Até que ele criou coragem, pediu para eu abaixar e me disse no ouvido: "Você é a moça mais bonita da festa". Foi o elogio mais lindo que já ouvi! Eu não havia beijado ninguém, iria embora, sozinha, e as belas palavras vinham de uma criança. Sorri, agradeci o elogio e dormi feliz. Se chamei a atenção daquele jeito, nada estava perdido. Encontrar um grande amor seria apenas uma questão de tempo!!!

Aos 18 anos, "me achando"

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