sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Falta de tempo e de espaço!

Nos dias de hoje, em que a quantidade é tida como status, a palavra que mais me preocupa é a falta: de tempo e de espaço. Em casa, os cômodos estão cheios de móveis e eletro-domésticos, e muitas vezes é preciso arrastar um, para dar lugar a outro na hora do uso. É o sofá, que é arrastado para caber a mesa de passar roupa, são os livros, que saem da estante para dar lugar ao aparelho de DVD, ou a cadeira, que vira cabide na correria do dia-a-dia. Essa falta de espaço faz com que tudo fique amontoado, contribuindo com a sujeira e a desorganização. Por outro lado, arrumar tudo todos os dias, não condiz com o cotidiano atarefado e estafante do homem atual. Não há tempo para organizar as roupas nas gavetas, os alimentos e vasilhas nos armários de cozinha, ou os livros e CDs nas estantes. Tudo vai para depois. E a cada dia compramos mais quinquilharias que não temos onde guardar.
E não é só dentro de casa que essa falta de tempo e espaço prevalece. Nos escritórios, os móveis empoeirados esbarram em eletro-eletrônicos. Nas oficinas, peças de carros ficam empilhadas umas sobre as outras, à espera, de quem sabe, um dia servirem para uso. Nos ferro-velhos, então, aços retorcidos dividem o mesmo local com ratos e baratas proliferando doenças pelas cidades. Já nas escolas, os livros usados são empilhadados em prateleiras improvisadas e empoeiradas, bem como brinquedos velhos e sem uso. O mesmo acontece com as construções: as casas atualmente são feitas sem preocupação com uma área de laser, enquanto as grades cobrem tudo para evitar a entrada de ladrões. Já os apartamentos são feitos com o mínimo de espaço para se viver, observando-se apenas a quantidade de moradores que darão lucro às construtoras. Nas moradias clandestinas, é possível ver o amontoado de casas e barracos, que em nada enfeitam as cidades.
A falta de espaço e tempo é também notada, nos dias de hoje, pela incompreensão, pela falta de delicadeza e de educação no trato com as pessoas. O ser humano incomoda o outro quando o assunto é tempo. Em razão dele, as  amizades tornaram-se fúteis, os amores passageiros, e a vida, depende da sorte. Não há mais conversa descompromissada, relacionamentos sem sexo, beijos sem intenção. Tudo é muito rápído. Não há mais espaço para tempo perdido.

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